As mulheres são mais afetadas pela depressão do que os homens, mas o suícidio atinge mais os homens do que as mulheres. Como interpretar estes dados da OMS que, à primeira vista, parecem antagónicos?
“Culturalmente, aceita-se mais que as mulheres assumam as suas fragilidades e espera-se que os homens não se rendam a sentimentos. Apesar de ser um preconceito cada vez mais questionado, ainda motiva problemas gravíssimos na saúde mental de todos”, refere Claudia Tirone, Psicóloga da CPP.
De facto, as mulheres pedem ajuda mais facilmente daí serem mais diagnosticadas. Mas os homens, num esforço por esconder vulnerabilidades e desassossegos, deixam-se sofrer silenciosamente até ao limite, sucumbido a formatos letais de acabar com a dor psicológica.
Esta herança machista aprisiona tanto homens como mulheres:
- elas por, muitas vezes, serem rotuladas de instáveis e queixosas
- eles por se sentirem obrigados a representar um papel duro e pesado.
O séc. XXI tem sido um período de questionamento de regras, hábitos e costumes, deitando por terra convicções que se têm vindo a desatualizar com o avançar da história da humanidade. Tratar a mulher como sexo fraco e o homem como o forte prejudica ambos, e é um claro sinal que a igualdade de género não se deve apoiar em discursos de vitimização, por correr o risco de propagar uma bipolarização perniciosa e sem sentido.
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